Paulo Pires, é Diretor da Área de Projetos & Incentivos do Grupo HM Consultores desde 2016. Licenciado em Gestão, com a vertente curricular do mestrado em Finanças, tem experiência de aproximadamente 10 anos em projetos de investimento. Especialista na elaboração de planos de negócios nas áreas turística, indústria e vitivinícola.

 

  • Fale-me sobre a sua carreira profissional. Quais os principais marcos?

Eu comecei a trabalhar com 16 anos, num restaurante. O que no início surgiu como um pequeno projeto para ocupar as férias, foi o meu sustento financeiro durante toda a minha passagem pela faculdade.

Assim que concluí a licenciatura em gestão, iniciei o meu percurso numa pequena empresa na área de consultoria de gestão. Nesta experiência estive envolvido em variados projetos, desenvolvi conhecimentos sobre diferentes setores de atividade e descobri que me sentia concretizado nesta função.

Lembro-me que a “regra das 10.000 horas” apresentada por Malcolm Gladwell, foi especialmente marcante nessa altura: para toda e qualquer atividade, para uma pessoa se tornar especialista deve investir pelo menos 10.000 horas de “formação”. Esta mensagem deu-me os insights necessários para dar o máximo de mim em todos os processos em que estive envolvido e ao mesmo tempo voltar à FEP para aprofundar os meus conhecimentos na área de finanças.

Após apenas três anos e meio fui promovido a consultor sénior, onde assumi responsabilidades de gestão, formação de equipas e prospeção comercial, fruto da dinâmica da empresa.

Com já 5 anos de experiência em consultoria, surgiu a oportunidade de gerir a área técnica de Projetos & Incentivos. Ser responsável pela equipa técnica da HM Consultores, tem sido bastante exigente. Sinto que todos os dias sou desafiado pela equipa, pelo negócio e pelos nossos clientes. Hoje olho para trás, para a minha primeira experiência e mantenho a mesma convicção de que temos de estar disponíveis para aprender diariamente, sempre com o foco nos nossos clientes e com uma direção clara para onde queremos caminhar, junto de uma forte equipa onde a partilha é fundamental.

 

  • Se não trabalhasse em projetos de investimento, em qual função ou setor se imaginaria?

Tendo em conta a experiência acumulada ao longo destes anos, acredito que me revia a trabalhar nas áreas de controlo de gestão ou auditoria, por serem duas áreas que tenho vindo a ter contacto ao longo da minha carreira e por estarem relacionados com as minhas áreas de interesse. Por outro lado, identifico-me bastante com a área comercial e de marketing, por serem duas áreas em que estamos próximos do Cliente e do mercado. Nestas duas áreas temos de estar sempre preparados para nos adaptarmos a este mundo de constante mudança.

 

  • Quais as características-chave de um líder de sucesso?

Ser um bom líder não é uma tarefa nada fácil! Acredito que um líder de sucesso deve um aficionado. Apaixonado pela área de trabalho, pelo negócio e pelas suas pessoas. Deve vestir a camisola diariamente, ser exigente e o seu compromisso e dedicação devem inspirar os que o rodeiam.

A integridade é também outra característica vital para ganharmos a confiança da nossa família, dos nossos amigos e da nossa equipa, e para garantirmos a concretização dos objetivos estratégicos a que nos propomos.

Para superar todos os desafios é essencial termos uma equipa apaixonada pelo que faz e motivada a fazer melhor.  Para garantirmos estas duas premissas, temos de promover o positivismo e estar atentos aos sinais que cada pessoa da sua equipa transmite, acompanhando o seu trabalho e contribuindo para o seu crescimento pessoal e profissional.

Por fim, acredito que um bom líder tem de ter uma visão, uma direção, que seja conhecida e vivida pela equipa. Só desta forma cada um de nós conseguirá crescer enquanto indivíduo e contribuir significativamente para alavancar a Empresa ou o projeto onde está envolvido.

 

  • Atualmente todos os colaboradores da HM Consultores encontram-se em teletrabalho. Na tua opinião quais os maiores desafios desta forma de trabalho e estratégias para os ultrapassar?

Do ponto de vista de organização interna, e para uma equipa habituada a trabalhar em open-office, sem dúvida que a perda do contacto interpessoal é uma enorme adversidade. A possibilidade de conviver diariamente com os nossos pares e partilhar experiências permite não só fazer fluir de forma mais eficaz os processos, como aumenta os conhecimentos que cada um consegue absorver.

Também ao nível da gestão de processos com clientes, o nosso trabalho é mais exigente em confinamento, uma vez que as reuniões presenciais permitem facilitar a comunicação e aproximar-nos dos nossos clientes.

Da experiência que temos tido, e recordo que estamos em confinamento há seis semanas, a existência de sistemas de informação robustos e bem implementados tem-se revelado o nosso principal pilar para uma boa gestão diária. Na HM Consultores podemo-nos orgulhar de ter processos partilhados e ferramentas de gestão que facilitam o nosso trabalho e permitem reduzir o impacto do distanciamento social na nossa atividade.

Acredito ainda que a possibilidade de nos colocarmos à prova perante um desafio de tão grande escala possibilitou que todos tomássemos consciência de que o teletrabalho pode e deve fazer parte do nosso quotidiano, sem que temamos pela perda de produtividade ou empenho.

 

  • Quais consideras serem os desafios para os próximos anos, no que respeita aos projetos de investimento financiados por fundos comunitários?

Em primeira instância, e quando se começava a ter uma visão mais clara do que ia ser a reta final do atual quadro comunitário, a pandemia do COVID-19 introduziu um elevado fator de incerteza.

Por um lado, os atuais avisos em aberto terão naturalmente uma menor afluência, o que faz antever a possibilidade de abertura de novos avisos, ou prolongamento dos atuais. Por outro, a canalização de apoios para enfrentar esta pandemia pode ser o principal destino das verbas por utilizar.

Acredito que para Portugal conseguir atingir os objetivos de execução física e financeira a que se propôs recentemente aquando da reprogramação do Quadro, e que permitiu a injeção de mais 5 milhões de Euros na Economia, necessitará de mais tempo.

Embora seja um cenário pouco provável de se repetir, no QREN, o Quadro Comunitário anterior, assistimos a duas prorrogações da data limite para execução de projetos e ao lançamento de concursos especiais, com regras de acesso simplificadas.

Tendo em conta a atual conjuntura, acredito que poderá existir uma nova fase de concursos no início do próximo ano.

Por outro lado, a estruturação do novo quadro comunitário traz, sem dúvida, questões estruturais que merecem uma reflexão cuidada. Com um orçamento comunitário mais reduzido e com a difusão que o Portugal 2020 teve a nível nacional, surge o desafio de melhorar os sistemas de captação e incremento da inovação efetiva. A materialização da inovação em resultados teve uma abordagem interessante no atual quadro e espero que esta dinâmica não se perca na transição entre Quadros.

 

  • Neste contexto atual do covid-19, acreditamos que podemos enfrentar uma crise económica, quais os conselhos que gostaria de deixar aos seus clientes para conseguirem superar os desafios que aí poderão vir?

É certo que ainda ninguém conhece à data todos os contornos do impacto que a atual pandemia vai introduzir a nível mundial. Tentando analisar a questão de um ponto de vista mais positivo, as crises passadas trouxeram-nos sempre oportunidades: oportunidades para melhorar as nossas operações, melhorar a forma de fazermos negócios, melhorar a nossas redes de relações.

Vão ocorrer diferentes mudanças no mercado, e a vários níveis, mas acredito que o importante é não entrar em pânico, avaliar de forma recorrente o contexto económico que nos rodeia e encontrar pontos de melhoria na nossa atividade e explorar áreas complementares da nossa atividade.

Ninguém está a ter o ano de 2020 que esperaria, e muitos fomos forçados a adotar medidas que não sabíamos se estávamos preparamos para assumir, mas a resposta dada deve-nos orgulhar. Acredito que com m positivismo e perseverança vamos conseguir superar as adversidades que poderão surgir