A Reestruturação Enquanto Estratégia

A reestruturação empresarial é um processo pelo qual uma empresa realiza mudanças significativas na sua estrutura, operações ou estratégia para se adaptar a novas condições de mercado, corrigir dilemas financeiros, melhorar a eficiência operacional ou impulsionar o crescimento. Essas mudanças podem incluir reorganização de departamentos, redução de custos, fusões e aquisições, mudanças na liderança ou mesmo a venda de ativos.

Abordar preventivamente a reestruturação empresarial envolve identificar e resolver problemas potenciais, antes de se tornarem situações críticas.

Motivos Comuns

Em contexto corporativo, a reestruturação empresarial trata-se da adoção de práticas inovadoras e políticas novas, da análise do desempenho dos profissionais que integram o quadro de pessoal, do estudo do mercado de atuação e até da avaliação das possibilidades de explorar segmentos diferentes.

A reestruturação empresarial é necessária quando se verificam alguns “sintomas” percetíveis, tais como:

  • Declínio nos resultados financeiros: queda nas receitas ou margens de lucro, aumento das despesas operacionais ou financeiras, problemas de fluxo de caixa ou dificuldades em cumprir obrigações financeiras;
  • Ineficiência operacional: baixa produtividade, processos operacionais desatualizados ou ineficazes, falta de alinhamento entre as diferentes áreas de negócio da empresa;
  • Concorrência agressiva: perda de clientes para a concorrência, mudança nas preferências dos consumidores ou tendências de mercado que afetam negativamente o desempenho da empresa;
  • Endividamento excessivo: elevado nível de endividamento ou pressão financeira devido a pagamentos de empréstimos ou juros elevados, incapacidade de obter financiamento adicional devido a uma alta alavancagem financeira;
  • Liderança ineficaz: falta de liderança ou capacidade de tomar decisões estratégicas;
  • Mudanças na estrutura organizacional: fusões, aquisições ou expansões mal sucedidas, que resultam em duplicação de funções ou conflitos internos;
  • Riscos jurídicos: litígios pendentes ou ameaças legais, mudanças na legislação ou regulamentação que exigem adaptações ou investimentos adicionais; e
  • Cultura organizacional disfuncional: alta rotatividade dos colaboradores, falta de alinhamento com os valores e objetivos da empresa.

Estes indícios não só se refletem nas pequenas empresas, como também nas grandes empresas, e por tal destacamos alguns exemplos na história que comprovam que os momentos dramáticos nas trajetórias das empresas, não significam o seu desaparecimento. A aposta em inovação, e em novos mercados, é na maioria dos casos a solução.

Apple

A precursora dos computadores pessoais passou por grandes dificuldades na década de 90. Depois da saída do fundador Steve Jobs da APPLE, pela primeira vez, os produtos desenvolvidos pela empresa não tinham aceitação no mercado, como foi o caso do Apple Newton.

No início dos anos 2000, Steve Jobs regressa à APPLE, como CEO, que rapidamente, com a introdução do iMac (que foi um sucesso moderado), conseguiu um investimento polémico com a Microsoft e focou-se em inovações. Pouco tempo depois, introduzia no mercado o iPod, responsável por transformar a APPLE nos olhos do consumidor e levá-la ao lugar de uma das maiores empresas do mundo.

Crise resolvida, a empresa ainda desenvolveu o iPhone em 2007, aparelho que levou a APPLE ao patamar de empresa mais valiosa do mundo. Hoje em dia a empresa vale mais de US$ 1 trilião e é comandada há quase uma década por Tim Cook, sucessor de Steve Jobs.

NOKIA

Uma reestruturação em curso! A Nokia foi a dona do segmento de telemóveis, dominando-o como nenhuma empresa já o dominou. A empresa da Finlândia chegou a ter 80% do mercado, e praticamente o controlava, tendo criado alguns dos primeiros smartphones, e até mesmo produtos híbridos (como o Ngage).

O primeiro sinal de desgaste veio com o Blackberry, que mostrava que um telemóvel era capaz de fazer mais coisas que os telemóveis da Nokia faziam. De seguida veio a Apple, com o iPhone e destruiu os telemóveis da Nokia. A companhia até tentou sobreviver, mas apostou no Windows Mobile (que perdeu frente iOS e Android) e teve sua divisão de telemóveis comprada pela Microsoft por uma fração do que ela já chegou a valer.

A Nokia agora foca-se em soluções de tecnologia, pesquisou o 5G aplicável a celulares e pode receber cerca de 2,30 € por smartphone, de qualquer marca, que resolver utilizar sua tecnologia. Além disso, a empresa também prepara uma nova divisão de telemóveis, agora apostando no sistema operacional Android.

Benefícios da Prevenção de Reestruturações

Detetados os principais motivos que podem levar a uma reestruturação empresarial, é fundamental compreender os benefícios de realizar uma abordagem preventiva aos desafios empresariais antes que se tornem crises efetivas. Os principais benefícios de uma abordagem preventiva:

  • Redução de custos: as empresas podem evitar custos adicionais associados à resolução de situações emergenciais. Isso inclui despesas com reestruturações, rescisões de contratos, penalidades financeiras e perdas de receita;
  • Preservação da reputação da empresa: evitar crises significa evitar danos à reputação da empresa. Uma abordagem proativa ajuda a manter a confiança dos clientes, investidores e partes interessadas, protegendo a imagem e a credibilidade da empresa no mercado;
  • Manutenção da estabilidade financeira: preservação da estabilidade financeira e evitar impactos negativos no fluxo de caixa, nas finanças e na saúde financeira geral da organização;
  • Melhoria da eficiência operacional: identificar e corrigir as ineficiências operacionais, melhorando a eficiência dos processos, reduzindo desperdícios e otimizando recursos;
  • Fomento da inovação e crescimento: uma abordagem proativa encoraja a cultura de inovação e melhoria contínua dentro da empresa. Ao resolver problemas antes que se tornem crises, as organizações podem libertar recursos e energia para investir em iniciativas de crescimento e expansão;
  • Aumento da resiliência e flexibilidade: ao antecipar e resolver problemas rapidamente, as empresas tornam-se mais resilientes e adaptáveis às mudanças no ambiente empresarial. Isso permite que se ajustem rapidamente a novas condições e desafios, mantendo-se competitivas no mercado;
  • Fortalecimento da cultura organizacional: uma abordagem proativa para lidar com os desafios demonstra o compromisso da empresa com o bem-estar dos seus funcionários e o sucesso a longo prazo. Isso pode fortalecer a moral, a coesão e a conexão com a equipa; e
  • Cumprimento de requisitos regulatórios e legais: evitando multas, litígios ou sanções regulatórias.

Reconhecer os “sintomas” e abordar proativamente os desafios empresariais oferece uma série de benefícios que podem impactar positivamente a saúde financeira, a reputação e o crescimento de uma organização. É uma estratégia essencial para garantir a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo nos negócios.

Reestruturação Empresarial: Estratégias Preventivas

As estratégias preventivas têm como objetivo antecipar e evitar potenciais problemas. Algumas das estratégias que o empresário pode tomar são:

  • Análise e planeamento antecipado: identificação proativa dos seus pontos fracos, desafios e/ou ameaças potenciais da empresa. Desenvolver um plano estratégico abrangente para abordar os problemas identificados e antecipar necessidades futuras (Plano de Negócios);
  • Gestão financeira sólida: manutenção de uma gestão financeira prudente, com monitorização regular do desempenho financeiro da empresa. Estabelecimento de reservas financeiras adequadas para enfrentar períodos de incerteza ou dificuldades;
  • Comunicação transparente: estabelecer uma cultura organizacional baseada na comunicação aberta e transparente entre todos os níveis da empresa;
  • Desenvolvimento de talentos e liderança: investir no desenvolvimento de líderes e talentos dentro da empresa para garantir uma liderança forte e eficaz;
  • Diversificação de fontes de receita: explorar novas oportunidades de negócio e diversificação das fontes de receita da empresa para reduzir a dependência de um único mercado ou produto. Adaptação às mudanças nas tendências do mercado e nas preferências dos clientes; e
  • Inovação e adaptação tecnológica: investir em inovação e tecnologia para melhorar a eficiência operacional, a competitividade e a capacidade de resposta às mudanças no ambiente empresarial. Adoção de tecnologias emergentes para impulsionar a produtividade e a inovação nos processos de negócio.

Melany Ribeiro

Business Developer HMBO