O Setor da Defesa como Pilar Estratégico
O setor da defesa é um pilar estratégico para muitos países, afetando a integridade, influência, resiliência, crescimento económico e alianças de um país. Além disso, este setor sofre transformações continuas devido a:
- Constantes mudanças geopolíticas: como a guerra na Ucrânia, ou os conflitos entre Israel e grupos no Irão, Líbano e Síria;
- Avanços tecnológicos: a evolução da Inteligência Artificial, guerras cibernéticas, drones e robótica; e
- Novas doutrinas militares: a expansão da NATO, que leva à reconfiguração de alianças e blocos militares.
Uma das principais dinâmicas atuais é o aumento dos gastos militares, que ultrapassaram os 2,2 mil milhões de dólares em 2023, com os Estados Unidos, China, Rússia, Índia e Arábia Saudita a liderarem a lista.

Portugal no Contexto Global da Defesa
No meio deste ambiente, Portugal tem um papel modesto no setor de defesa global, no entanto, este ainda se insere em diversas das dinâmicas mencionadas, participando em vários projetos como:
- No desenvolvimento de tecnologias através da indústria aeroespacial e de defesa, com empresas como a OGMA e a Tekever;
- Na Agência Europeia de Defesa centrados na cibersegurança e nos sistemas autónomos;
- Na Cooperação Estruturada Permanente (PESCO) da União Europeia e reforça laços com países lusófonos em questões de segurança marítima e combate ao terrorismo.
Portugal contribui também as suas tropas para missões da NATO e ONU, e tem vindo a aumentar gradualmente o seu orçamento de defesa, em alinhamento com os compromissos assumidos na NATO, que estabeleceu uma meta de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Os gastos em Portugal rondaram 1,5% do PIB em 2023, com planos para atingir os 2% até 2030.
O valor do PIB pode vir a ser elevado para 3% devido às insistências do atual presidente dos EUA, Donald Trump, que lidera uma administração cada vez mais protecionista. Insensatamente, chegou a sugerir um aumento até 5% por parte dos países da NATO, apesar das despesas na defesa dos EUA não chegar a 4%.
Além disso, Portugal investiu também na modernização da Marinha e da Força Aérea, abrangendo áreas como:
- Recrutamento e retenção de pessoal nas Forças Armadas;
- Apoio a ex-combatentes; e
- Aquisição de novos equipamentos (incluindo viaturas de combate e drones, bem como a participação na Iniciativa Europeia de Defesa).
Em paralelo, a indústria de defesa portuguesa tem vindo a crescer, focando-se na produção de equipamentos militares leves, sistemas eletrónicos, cibersegurança e vigilância marítima, fornecendo componentes para aeronaves militares europeias.

Indústria de Defesa Portuguesa e os seus Desafios
A Base Tecnológica e Industrial de Defesa (BTID) inclui mais de 300 entidades, principalmente PME.
Um dos clusters com mais relevância deste setor é o AED (Aeronáutica, Espaço e Defesa), que representava 1,4% do PIB português e mais de 50% do volume de negócios da BTID.
O setor da defesa português enfrenta o desafio de equilibrar o cumprimento das metas internacionais com a necessidade de modernização contínua, e as exigências da NATO e dos EUA obrigam Portugal a reforçar as suas capacidades tecnológicas e operacionais.
Além disso, a crescente complexidade da segurança global e a corrida tecnológica no domínio militar exigem investimentos significativos em inovação, digitalização e sustentabilidade.
Neste contexto, as estratégias de financiamento tornam-se cruciais.
Incentivos ao Investimento: PT2030 e PRR
O programa PT2030 pode não ser direcionado exclusivamente para a defesa, no entanto, oferece oportunidades para projetos que podem fortalecer as capacidades tecnológicas e de inovação no setor da defesa, como:
- Inovação e Transição Digital: apoios a projetos que envolvem o desenvolvimento de novas tecnologias, digitalização de processos e inovação, estas são áreas cruciais para a modernização da indústria de defesa;
- Ação Climática e Sustentabilidade: financiamento para iniciativas que promovem a sustentabilidade ambiental, incluindo a adoção de práticas ecológicas na produção de equipamentos de defesa.
Além disso, o PRR: Recuperar Portugal também proporciona oportunidades para o setor da defesa, especialmente em áreas de inovação tecnológica e digitalização:
- Digitalização da Indústria: incentivos para a adoção de tecnologias digitais avançadas, como inteligência artificial e cibersegurança, essenciais para a competitividade no setor da defesa;
- Capacitação e Formação: programas de formação para qualificar trabalhadores em novas tecnologias, fortalecendo as competências necessárias para a inovação no setor.
Deste modo, tanto as iniciativas do PT2030 quanto as do PRR, focadas na inovação, transição digital e sustentabilidade, podem ser estrategicamente aproveitadas para fortalecer e modernizar as capacidades de defesa do país. Alinham-se também com as crescentes exigências internacionais e contribuem para a segurança coletiva europeia.
Por fim, descubra como o setor da defesa continua a transformar-se globalmente e como é que Portugal está a adaptar-se a estas mudanças. Saiba mais sobre investimentos, inovações tecnológicas e oportunidades de financiamento com o PT2030 e PRR.