Casa Vera Cruz

A MagazineHM #45 apresenta a entrevista realizada a Paula Hipólito, Diretora Geral da Casa Vera Cruz, empresa que está empenhada em contribuir para a sociedade pelas vias da educação, filantropia e formação.

Entrevista

Paula HipólitoCom mais de 50 anos de história, a Casa Vera Cruz é uma IPSS que tem mudado a vida de miúdos e graúdos através da sua dedicação à causa social. Fale-nos um pouco dos principais serviços que prestam.

A Casa Vera Cruz tem diferentes serviços na área da infância, a saber:

    1. Duas creches duplas com uma capacidade total para 158 crianças;
    2. Uma pré-escolar com 7 salas e capacidade para 148 crianças;
    3. Um CATL (centro atividades de tempos livres) para crianças de 1º ciclo com capacidade para 118 crianças; e
    4. Um CATL para crianças de 2º ciclo com capacidade para 20 crianças.

No âmbito social a Casa Vera Cruz tem ao serviço da comunidade os seguintes serviços:

  1. Casa Abrigo para mulheres vítimas de violência doméstica e seus filhos menores, com capacidade para 16 pessoas;
  2. CAFAP – centro de apoio familiar e aconselhamento parental, para famílias com crianças e/ou jovens em risco;
  3. Alternativas – projeto de prevenção seletiva no âmbito das adições e dependências, nomeadamente álcool, drogas, jogos on-line, ecrãs na sua generalidade, …
  4. CLAIM – Centro Local de apoio à Integração de Migrantes, direcionada para a resolução de problemas no âmbito da regularização, apoio social e atividades interculturais, objetivando uma integração plena;
  5. Caleidoscópio – projeto que desenvolve atividades interculturais, aulas de português presencias e online e dispõe de um gabinete de atendimento a vítimas migrantes, especialmente direcionado para as problemáticas da violência doméstica, da discriminação e do trafico de seres humanos;
  6. GIP – Gabinete de Inserção Profissional para migrantes, fazendo a ponte entre as empresas/entidades e as pessoas que procuram emprego ou formação;
  7. Aveiro, casa que acolhe – projeto vocacionado para o apoio a refugiados ucranianos e afegãos, em situação de particular fragilidade;
  8. POAPMC – programa operacional de apoio alimentar às pessoas mais carenciadas, fazendo parte de uma rede de instituições no concelho e tendo à sua responsabilidade a entrega de alimentos a 100 pessoas; e
  9. STAF – serviço transversal de apoio às famílias – presta apoio alimentar, em vestuário, eletrodomésticos, calçado, têxtil lar, mobiliário, … às famílias que têm relação com a casa Vera Cruz através dos diferentes serviços.

Dispomos ainda de outros serviços, nomeadamente:

  1. Formação – a Casa Vera Cruz é uma entidade certificada para prestar serviços de formação, quer a colaboradores, quer a clientes externos;
  2. Puro Linho – presta serviços de lavandaria e limpeza para o exterior;
  3. Vera Eventos – cedência de espaços para festas de aniversario ou festas empresarias; e
  4. GATIS – Grupo Amador de Teatro Infantil e Social – que desenvolve peças de teatro para crianças que abordam temáticas especificas como o abuso sexual, o bullying, a violência doméstica, numa lógica preventiva e lúdica.

Com as sucessivas crises socioeconómicas, tem havido uma crescente procura por IPSS e outras instituições sociais para dar resposta a diversas dificuldades. Sente este impacto na Casa Vera Cruz?

Sempre que as sociedades entram em crise, as IPSS sentem de imediato o impacto no aumento dos pedidos, seja a nível alimentar, seja no pagamento de mensalidades que fica para 2º plano (porque pagar a renda e as despesas conexas, bem como alimentar a família é prioritário), seja porque o desemprego aumenta. A pandemia trouxe um aumento considerável de situações, baseadas em empregos precários ou de economia paralela que deixaram de ter qualquer tipo de rendimento; a guerra trouxe os refugiados e a necessidade de apoiar quem os acolhia e apoiava, a crise energética trouxe uma descida do poder de compra significativa para a grande maioria das famílias. E a Casa Vera Cruz apesar de sofrer também os impactos destas crises, procura sempre responder de forma adequada e atempada às solicitações. O que nos falta em recursos, temos de sobra em criatividade e vontade de ajudar. E temos uma comunidade que vai respondendo às nossas solicitações, contribuindo em muito para a nossa missão.

A instituição tem implementado sistemas de gestão como a Norma Europeia ISO 9001:2015 e realizado auditorias regulares para assegurar a sua conformidade. De que formas é que esta e outras normas têm influenciado o vosso trabalho?

A certificação do nosso sistema de gestão da qualidade permite-nos fazer uma gestão mais profissionalizada. Somos uma instituição com mais de 100 colaboradores e projetos em áreas muito distintas e especificas, que envolvem alguns milhões de euros. Por outro lado, apostamos na inovação e na melhoria continua e aproveitamos todas as oportunidades de melhoria para adequar os nossos serviços a novas necessidades. As questões legais têm um forte impacto nas IPSS e a certificação do sistema de gestão permite um maior controle sobre todas as áreas.

Se no início, a implementação do sistema era algo de estranho, hoje está perfeitamente entranhado no nosso dia a dia e é essencial para uma boa gestão de recursos a qualquer nível.

Seja empresa ou IPSS, a verdade é que os clientes / utentes estão cada vez mais exigentes e as organizações devem corresponder a este paradigma. Neste sentido, qual é a importância que atribui às certificações? Existe alguma certificação prioritária?

A certificação, seja a que nível for, permite-nos ter uma perspetiva holística, ajustar procedimentos e sistematizar práticas. A Casa Vera Cruz tem-se candidatado a certificações em diferentes áreas, não pelo certificado em si, mas pelo contributo que o esforço em responder aos parâmetros da certificação nos dá, contribuindo para um melhor conhecimento da instituição e a melhoria de procedimentos e consequentemente dos serviços que prestamos.

Nesta fase estamos a direcionar esforços para as certificações ambientais e também de conciliação da vida familiar e profissional; porque nos são áreas muito queridas e onde queremos investir.

Enquanto instituição de futuro, a Casa Vera Cruz tem equacionado investir em diversas melhorias nas suas infraestruturas. Acredita que os incentivos ao investimento do Portugal 2020 no setor social foram adequados? Com a abertura do novo quadro comunitário, Portugal 2030, consideram concorrer a algum apoio?

As IPSS não têm como objetivo o lucro, mas sim a prestação de apoio a quem dele necessita. No entanto, quando são necessárias obras de fundo em edifícios ou a aquisição de uma máquina ou de uma viatura, a instituição tem que ter meios para fazer a aquisição. Assim, e tendo ainda em conta que as instituições têm regras muito especificas para o funcionamento, com diferentes tipologias de exigências legais, resta-nos a esperança de que o novo quadro comunitário venha trazer o apoio necessário a um setor essencial para o funcionamento pleno da sociedade. E sim, aproveitaremos todas as medidas que vão ao encontro das nossas necessidades. Estamos necessitados de apoios que contribuam para a diminuição dos consumos energéticos e consequentemente a sustentabilidade, ambiental e financeira.

Paula Hipólito, Diretora Geral

Casa Vera Cruz