O Governo vai duplicar a dotação dos fundos comunitários a concurso no sistema de incentivos à inovação produtiva no contexto da covid-19 de €46 milhões para €100 milhões, revelou a ministra Ana Abrunhosa ao Expresso: “A procura dos empresários é de tal forma avassaladora que a dotação será reforçada para €100 milhões e admite-se ainda a possibilidade de um segundo reforço.”

Foi a 20 de abril que arrancou a corrida dos empresários aos novos subsídios a fundo perdido que pagam 80% a 95% do investimento feito na reconversão das suas linhas de produção, ainda que de forma temporária, para máscaras, ventiladores e demais bens e serviços essenciais ao combate da pandemia covid-19. Os empresários tinham até 29 de maio para concorrerem a estes fundos, mas a procura foi tanta que o Compete 2020 e o Norte 2020 chegaram mesmo a suspender as candidaturas.

À data de 12 de maio, o Portugal 2020 já tinha recebido 824 propostas de investimento no total de €584 milhões. E aprovado €35 milhões de fundos a 78 empresas para investirem €42 milhões na produção anticovid. Números que continuaram a subir nos últimos dias.

“Esta avalanche de candidaturas é uma prova de que os empresários estão atentos e não baixaram os braços”, diz a ministra da coesão territorial que listou ao Expresso vários projetos já aprovados pelos programas regionais do Portugal 2020.

Na Covilhã, a empresa de gin de cereja, ginjinha e demais bebidas espirituosas Licores Serrano investiu €304 mil para passar a produzir álcool etílico sanitário a 70% e álcool gel. E em Aveiro, a grande empresa de autoclismos Oli investiu €366 mil para fabricar vários produtos inovadores: adaptadores para puxadores de portas de abertura angular com peças em forma de alavanca para serem acionados com o antebraço ou o cotovelo; proteções de orelhas na utilização de máscaras; componentes de ligação entre tubos de ventilação e acessórios de conexão rápida a sistemas de ventilação ou tomadas de ar hospitalares; uma nova versão de viseira em que a base contém uma pala para evitar zonas não protegidas.

Na Lousã, a Meia-Mania viu a quebra de encomendas de meias ser amortecida por uma encomenda de pelo menos 200 mil punhos elásticos para batas cirúrgicas descartáveis. E também passou a fabricar máscaras, à semelhança do que se passa em Barcelos com a empresa de estampagem em têxteis Greenprint; em Abrantes, com a empresa que executa serviços de controlo de pragas Medisigma; em Águeda com a empresa de acessórios para a construção civil Controloffice; ou em Ovar com a fabricante de plásticos Plasfer.

Na Maia, a Ernesto São Simão é uma empresa de moldes industriais há quase 60 anos que não hesitou em apostar no fabrico de viseiras para abastecer o mercado nacional e exportar para África. Viseiras é também a nova aposta da Farmi, fabricante de peças maquinadas e moldes da Marinha Grande. Ou da Indústria Transformadora de Plásticos de Leiria. Ou da Apametal de Rio de Mouro, que até investiu numa loja online para vender os seus equipamentos de proteção individual. Em Viseu, a empresa de merchandising Justa Parcela também aposta agora em viseiras, óculos de proteção, cógulas e proteção de calçado, cobre-botas e cobre-sapatos.

Estes fundos também apoiam novas empresas ou o reforço da produção das já existentes. É o caso da empresa Carvidet de Santo Tirso, que investiu €234 mil para aumentar a sua produção de desinfetantes para higienização das mãos.