Introdução ao Caso de Sucesso do CEC

A preparação de uma boa candidatura contribui para o sucesso de um projeto, mas mais importante do que uma candidatura aprovada é uma candidatura executada com sucesso. Com este mote, e tomando como exemplo um projeto de sucesso do Caramulo Experience Center (Museu do Caramulo), que recorreu aos apoios do Portugal 2020 (agora Portugal 2030), em particular o Inovação Produtiva, desenvolvemos este Caso de Sucesso em parceria com a empresa.

A responder pelo Museu do Caramulo está Tiago Patrício Gouveia, Diretor do Museu. Do lado da HM Consultores, a intervenção está ao cabo de Andreia Galante, Diretora Comercial.

Enquadramento do Projeto

Museu Caramulo

HM: Quais foram as necessidades da empresa que levaram à necessidade do investimento produtivo?

TPG: O Museu do Caramulo já tinha começado há uns anos a expansão das oficinas, alargando os seus serviços para terceiros. Começámos por expor automóveis em 1959. Era uma das entidades mais antigas do mundo a fazer a exposição de veículos históricos: automóveis, motos, bicicletas, e desde essa altura que os mantive sempre em estado de funcionamento.

Há cerca de 10 anos, percebemos que, estrategicamente, para manter toda a frota a funcionar, o que tinha acontecido até então, era importante alargar os serviços da oficina para clientes externos ao museu, com o objetivo de financiar uma operação maior. Aquilo que nos motivava era a retenção de capacidade técnica, ou seja, a retenção de conhecimento no museu.

Queríamos aumentar o espaço, o número de colaboradores, os equipamentos e os serviços. De um simples serviço de mecânica passámos a ter também eletricista, chapeiro, pintor, entre outros. Temos umas instalações totalmente renovadas, um espaço pensado por vários arquitetos e engenheiros, consoante as suas especialidades.

Surgiu a oportunidade de comprar este edifício, que, por curiosidade foi construído pelo fundador do museu, João de Lacerda. Tem um segundo aspeto interessante, que é o facto de ter sido desenhado pelo mesmo arquiteto que desenhou a sede do museu e o edifício que alberga a coleção de veículos históricos e automóveis do museu. Chamamos a este espaço Caramulo Experience Center (CEC).

Construído no final dos anos 60 e inaugurado em 1972, este edifício tem uma construção sólida – muito betão, forte e duradouro. Comprámo-lo em hasta pública e ofereceu a possibilidade de se dar um uso superior ao que teríamos feito numa simples oficina. O que proporcionou? Sobretudo, a capacidade e a diferenciação. Para entrar no CEC pode comprar bilhete e visita, como visita um museu, com baias à volta dos carros. Possibilitou outra valência que desejávamos: ser um centro de eventos – temos espaços disponíveis para empresas organizarem os seus eventos.

Por último, tenho comentado sobre as 4 valências deste espaço: oficina, visitas, organização de eventos e uma quarta, que temos estado a fazer com muito sucesso e cada vez com mais atividade, receber estágios ou pessoas a estudar. Temos atualmente uma pessoa aqui a estudar e que nos tem passado conhecimento. Com isto, esperamos também estar a organizar formas de reter esse conhecimento para ficar disponível para terceiros e para futuras gerações.

HM: Quais foram os objetivos preestabelecidos do projeto?

TPG: Como é também um centro de visitas e de eventos, um dos pressupostos foi ter uma iluminação muito cuidada, pensada para museu e trabalhada para as pessoas poderem organizar cá, confortavelmente, os seus eventos.

Esta característica que deu muita luta, tanto que a candidatura foi chumbada na primeira tentativa. Numa segunda tentativa, passou. Tivemos e demos um trabalhão à HM, pois não aceitámos que fosse chumbada uma segunda vez. Chateamos este mundo e o outro. Não fizemos nada ilegal, nem foi aprovado nada que não devesse, mas fizemos aquilo que pudemos fazer legalmente: pedir ajuda e a colaboração das entidades locais e regionais, não diria nacionais, mas regionais, que têm a ganhar com este projeto. Desde as entidades ligadas ao turismo, às CCDRs, por aí fora, pedimos a todos maior atenção e colaboração para que valorizassem o projeto que, na nossa opinião não independente, era um projeto muito importante para a região, porque nós, na verdade, abrimos o 2.º museu no Caramulo. E o Caramulo é, por excelência, um destino turístico, portanto, nós aumentámos a oferta cultural no Caramulo.

Candidatura

AG: O enquadramento do projeto do Caramulo Experience Center foi um verdadeiro desafio porque agregava duas atividades: reparação de automóveis antigos e venda de peças e atividade turística, através da realização de eventos e visitas.

Por um lado, tínhamos o desafio de, numa mesma candidatura, termos duas atividades distintas e, por outro, o desafio de conseguir fundamentar e explicar a diferença entre a reparação de automóveis antigos e a reparação mais comum de automóveis, garantindo que conseguíamos dar a perceção ao técnico avaliador de que a atividade era inovadora e tinha mais-valias.

Neste caso, a experiência dos detentores de capital e da equipa, que acumula funções no Museu do Caramulo, foi bastante importante, pois deu-nos o conforto necessário para acreditarmos e avançarmos com o processo não uma, mas três vezes.

Outro desafio estava associado ao timing do investimento. Nos últimos concursos do Portugal 2020, como foi o caso, a dotação orçamental é mais reduzida, o que aumenta o nível de exigência dos projetos. Nestes casos, numa escala de 0 a 5 pontos de mérito, apenas projetos acima de 4 teriam dotação orçamental, pelo que a análise de risco inicial era fundamental.

Esta foi uma prática adotada agora no Portugal 2030, estando este limiar já identificado no aviso de abertura, no entanto, no Portugal 2020 não tínhamos este limiar pré-definido. No início do quadro comunitário 3 pontos eram suficientes.

Sendo conservadora, a pontuação nesta fase ficou nos 3.8, mas com possibilidade de aumentar. Há sempre uma fase importante de discussão de como podemos subir a pontuação de uma forma sustentada e sem colocar em risco as avaliações pós-projeto.

Este foi um caso de enquadramento complexo, mas que, acreditando no projeto e na equipa, fez todo o sentido avançarmos.

Desenvolvimento do Projeto

HM: Quais foram as impressões e desafios que teve em relação ao projeto?

TPG: Os investimentos acabaram por correr muito bem, pois conseguimos que fossem valorizados dentro da sua importância. Envolveu equipamentos para a oficina, televisões, cadeiras, janelas, entre outros. Embora não tenhamos conseguido pôr todas as janelas, mudar os telhados nem tão pouco considerar os painéis solares. Tivemos algumas limitações, como o incumprimento dos prazos para analisar o processo até aos prazos das devoluções dos pagamentos – esperemos que o Portugal 2030 seja melhor. Mas bem, aconteceu tudo e conseguimos. Foi numa segunda volta, mas conseguimos. A HM foi inesgotável nos seus esforços, tivemos que resolver problemas de última da hora, às 23:00h, nos dias antes da entrega, pois ainda faltavam informações e a HM esteve sempre connosco ao longo destes processos.

Resultados

HM: Quais forma os resultados a nível…

CEC
  • Económico

TPG: A nível económico é interessante porque temos tido sempre resultados positivos. Temos estado a crescer na nossa faturação. Estamos a contratar, estamos a crescer em postos de trabalho e continuamos à procura de mais pessoas para aumentar a nossa atividade. Vemos com muito bons olhos o investimento nesta atividade, sobretudo na parte da oficina – há muito mercado para conquistar, até internacional.

Já a respeito da organização de eventos, confesso que esperávamos mais, mas não está a correr mal. Em 2023, no segundo ano da operação, organizámos 22 eventos – o que foi muito bom. Este ano estamos a sentir uma pequena quebra na organização de eventos, mas sentimos que o espaço é óptimo e acreditamos no sucesso a médio prazo. Temos uma política de melhoria contínua, portanto estamos sempre à procura de mais inovação, de melhorar as condições físicas, e a comunicação, como tal, tenho a certeza de que vamos continuar a ser competitivos também nesta área e organizar mais eventos.

  • Organizacional

O Museu do Caramulo é uma marca apoiada numa fundação, sem fins lucrativos e de utilidade pública. Contudo, não deixa de ser uma empresa que tem que gerar resultados para suportar a sua actividade. A coleção mais conhecida é a coleção de veículos históricos, de automóveis, de motos, entre outros. Nesse aspeto, aumentámos significativamente a capacidade técnica para manter os nossos veículos a funcionar. Agora reparamos os veículos com mais profundidade, garantimos que as reparações são bem feitas e que são mais duradouras. Portanto, nesse aspeto organizacional, porque para o Museu do Caramulo sempre foi importante manter a sua frota em estado de funcionamento, ganhamos a capacidade de o fazer de uma forma superior, comparado com que fazíamos antes, o que eventualmente se traduz em maior sucesso para toda a actividade do museu.

  • Desenvolvimento do Mercado

Da mesma forma que respondemos aos problemas do Museu, respondemos aos problemas dos nossos clientes. Portanto, aí ganhamos a capacidade de acudir às necessidades do mercado – os que nos batem à porta – e de poder satisfazer as necessidades de reparação e manutenção, bem como a organização de eventos. Neste momento estamos disponíveis 365 dias por ano, 24 horas, para organizar aqui eventos. Conseguimos alcançar alguns objetivos que pré-definimos, de maneira facilitada.

HM: Quais foram as mais-valias de trabalhar com a equipa da HM Consultores?

RG: Como disse há pouco, termos uma equipa muito disponível, com quem é fácil falar, que se empenha muito e que nos alerta constantemente para a documentação necessária em prol do bom desenvolvimento dos projetos. É bom saber que do outro lado está um parceiro flexível e que corre até ao último quilómetro para ter sucesso na aprovação da candidatura.